Primeira República (1889 - 1930)

26/06/2024

Proclamação da República - Benedito Calixto (1893).

        PRIMEIRA REPÚBLICA (1889 - 1930)

       A partir de 1888, cresceu rapidamente o movimento republicano no Brasil. O fim da escravidão sem indenização provocou revolta entre os proprietários de escravos, contribuindo para aumentar a insatisfação contra dom Pedro II. Além disso, fazendeiros e empresários que utilizavam trabalhadores livres também defendiam o fim da monarquia. Em 1889, foi proclamada a república no Brasil. Dom Pedro II e a família real foram expulsos do país. A aliança política entre os ricos fazendeiros e os militares foi fundamental para a queda do regime monárquico. A instituição da república e do federalismo significava para as elites brasileiras maior participação na vida política, mais autonomia para as províncias (atuais estados), bem como a manutenção de seus interesses econômicos e privilégios sociais.

       A Primeira República começou com o estabelecimento de um governo militar (1889 - 1894). Deodoro da Fonseca foi o primeiro presidente. Em 1891, Deodoro aprovou a primeira Constituição republicana do Brasil, instituindo a república, o federalismo e o presidencialismo e extinguindo o voto censitário. Em seguida, Floriano Peixoto assumiu o poder. Em 1894, o governo militar foi substituído por um governo civil, dominado por grandes proprietários de terras (coronéis). Prudente de Morais foi o primeiro presidente. Campos Sales, seu sucessor, inaugurou a chamada Política dos Governadores.

  • Federalismo: sistema político formado por estados com relativa autonomia política e administrativa. União de vários estados em um mesmo país.         

     O coronelismo foi uma das principais características da Primeira República. Os grandes fazendeiros, exerciam forte poder político e econômico em seus municípios e controlavam os resultados das eleições distribuindo favores e vantagens (voto de cabresto). Os eleitores pobres votavam nos candidatos indicados pelos coronéis em troca de emprego, proteção, ajuda financeira ou tratamento médico. Os grandes proprietários de terras também faziam uso da força e da fraude para conquistar mais eleitores e votos. A Política dos Governadores foi uma aliança política entre os três níveis de poder (municipal, estadual e federal) para garantir os resultados das urnas. Os coronéis escolhiam os governadores que, por sua vez, apoiavam a eleição de senadores e deputados aliados do presidente. Em troca, recebiam vantagens políticas e econômicas e pouca interferia nos assuntos regionais. A ascensão de Getúlio Vargas ao poder marcou o fim da Primeira República em 1930.

  • Coronelismo: mecanismo de controle político baseado no abuso de poder, na troca de favores e no uso da força e da fraude eleitoral.
  • Política dos Governadores: acordo político estabelecido entre os governadores e o presidente baseado na troca de favores e na fraude eleitoral.

         A principal atividade econômica na Primeira República era o café destinado ao mercado externo. Havia também uma produção diversificada voltada para o mercado interno. Além disso, o país vivia um rápido desenvolvimento industrial e urbano. Grandes fazendeiros passaram a investir parte de seus lucros na indústria, muitos camponeses migraram para as cidades, atraídos pela oportunidade de emprego nas fábricas. O fluxo migratório estrangeiro também cresceu (italianos, espanhóis, japoneses e alemães). Por fim, surgiram novas estradas de ferro, bancos e lojas, além de empresas de transporte, iluminação e saneamento.          

  • Imigrante: aquele que entra no país;
  • Emigrante: aquele sai do país.

          Embora responsáveis pela Proclamação da República, as elites políticas e econômicas (grandes fazendeiros e empresários) estavam mais dispostas a perpetuar os seus interesses e privilégios do que consolidar o ideais de igualdade e justiça. As revoltas e motins que explodiram durante a Primeira República expressavam a indignação das camadas mais humildes contra a opressão, o descaso e a miséria. Além disso, a exploração do trabalho nas fábricas e o elevado custo de vida nas cidades estimularam uma série de paralisações e greves, revelando igualmente a insatisfação dos trabalhadores da jovem indústria brasileira.

Guerra de Canudos

         A Guerra de Canudos foi um conflito armado que explodiu na Bahia, em 1896, envolvendo os membros de um movimento popular de caráter social e religioso e o exército brasileiro. A região marcada pelo poder dos grandes fazendeiros e da Igreja Católica passava por uma grave crise econômica e social. Para fugir da miséria e da opressão, milhares de sertanejos migraram para o arraial (povoado) fundado em Canudos pelo líder religioso Antônio Conselheiro. Além de fazer pregações, o beato ajudava os pobres na colheita das lavouras e na construção de casas e açudes, atraindo muitos seguidores e ameaçando o poder dos coronéis e da Igreja. Os sertanejos abandonavam as tarefas e os cultos e fugiam para o povoado atraídos pelas palavras de fé e esperança de Conselheiro.

         Os grandes fazendeiros e a Igreja Católica, incomodados com a influência do beato, procuraram apoio do exército brasileiro, que enviou quatro expedições militares ao arraial. A guerra terminou com o massacre de milhares de sertanejos, o incêndio de todas as casas e a destruição total do povoado. Além disso, o conflito deixou um elevado saldo de mortos e feridos entre as forças militares.

Revolta da Vacina

         No início do século XX, o centro do Rio de Janeiro passou por uma reforma urbana inspirada na cidade de Paris (França). Os antigos e decadentes casarões do centro onde viviam centenas de pobres e negros foram demolidos para dar lugar a avenidas amplas e prédios imponentes. Expulsos do centro, os pobres foram obrigados a erguer barracos nas periferias. Em 1904, o médico Oswaldo Cruz convenceu o governo a adotar a vacinação obrigatória na cidade. Batalhões sanitários, com o apoio da polícia, invadiram os barracos para vacinar seus moradores e vistoriar as condições de higiene. A falta de informação e diálogo e as medidas autoritárias (invasões, demolições) provocaram violentos choques entre as autoridades e a população. A repressão do governo foi violenta e vários participantes foram presos.

Revolta da Chibata

          No início do século XX, grande parte dos marinheiros era formada por pobres e negros. Porém a disciplina na marinha era mantida com a aplicação dos antigos castigos empregados pelos proprietários de escravos (chibatadas e prisões). O estopim da revolta foi a punição de um marinheiro com 250 chibatadas. Liderado pelo marujo João Candido, filho de escravos, o motim explodiu, em 1910, na cidade do Rio de Janeiro. Após atender às reivindicações dos revoltosos, como o fim dos castigos na marinha e a anistia aos marinheiros, os principais líderes da revolta foram presos e submetidos a trabalhos forçados na Amazônia.

Movimentos operários

          A exploração do trabalho nas fábricas, os baixos salários e as condições precárias de vida dos trabalhadores estimularam o surgimento dos primeiros movimentos operários e sindicatos no Brasil. As paralisações e greves reivindicavam redução da jornada de trabalho, aumento de salários e aprovação de leis trabalhistas. Em 1917, explodiu na cidade de São Paulo a primeira grande greve de operários do país. Outros estados aderiram ao movimento. As principais conquistas dos trabalhadores foram a regulamentação da jornada de trabalho de oito horas, férias e aposentadorias, condições dignas de trabalho nas fábricas (segurança e higiene) e a construção de moradias para os trabalhadores (vilas operárias).

  • Sindicato: organização de trabalhadores de uma mesma profissão ou atividade que visa lutar pelos interesses da categoria profissional.

FONTES

 APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá - História. 9º Ano. São Paulo: Moderna, 2010.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade & Cidadania - 9º Ano. São Paulo: Editora FTD, 2012.