Independência do Haiti e da América Espanhola
Os semeadores - Diego Rivera (1947).
INDEPENDÊNCIA DO HAITI (1793 - 1804)
No final do século XVIII, o atual Haiti era colônia da França. Havia uma minoria branca, proprietária de terras e escravos, e muitos negros escravizados. Motins e fugas eram frequentes. A principal atividade econômica era o açúcar voltada para o mercado externo. Porém as notícias que chegavam da Europa e a difusão dos ideais iluministas (liberdade, igualdade, república) fizeram crescer a tensão entre os cativos e os colonos. Em 1793, o líder negro Toussaint Louverture conduziu uma rebelião que impediu a restauração da escravidão na colônia, abolida durante a Revolução Francesa. A população branca foi quase toda exterminada. Mais tarde, Jean Jacques Dessalines, outra liderança negra, conduziu uma revolta separatista que terminou com a Independência do Haiti em 1804.
- Escravidão: relação social baseada na submissão de uma pessoa por outra pessoa. Os escravos, escravizados ou cativos são tratados como propriedades ou mercadorias por outras pessoas. A escravidão se caracteriza também pela privação da liberdade e pelo emprego da força.
Independência da América Espanhola
No século XVIII, o antigo sistema colonial começou a dar sinais de crise. Com o desenvolvimento das colônias na América e a prosperidade das elites coloniais, o sistema não atendia mais aos interesses dos colonos de expandir os negócios e fazer comércio com outros países. A queda dos lucros em razão do esgotamento gradual de ouro e prata em suas colônias motivou a Espanha a ampliar os impostos. A elevação dos tributos prejudicou as atividades econômicas, provocando enorme insatisfação entre os colonos. Além disso, a indignação dos criollos, a elite de origem americana, em relação aos privilégios sociais concedidos aos chapetones, a elite de origem espanhola, fez elevar a tensão nos territórios colonizados. Já os indígenas, mestiços e escravizados viviam submetidos à exploração e à opressão dos grandes proprietários de terras e minas.
As lutas contra a Coroa espanhola estavam relacionadas às guerras expansionistas na Europa conduzidas por Napoleão Bonaparte, imperador da França, e à crise do sistema colonial. A invasão da Espanha pelas tropas francesas desestabilizou a autoridade espanhola na América, permitindo aos colonos exercerem uma relativa autonomia administrativa e econômica. Porém, após a queda de Napoleão, o desejo de restauração do sistema colonial desencadeou uma série de movimentos separatistas. A partir de 1810, explodiram diversas revoltas coloniais, inspiradas nos ideais iluministas, na Revolução Francesa e na Independência dos Estados Unidos. O apoio financeiro da Inglaterra e dos EUA, visando a extinção do sistema colonial, foi crucial para o êxito das lutas de independência.
Devido à diversidade de interesses políticos e econômicos, as revoltas separatistas na América adquiriram características próprias, levando à formação de vários países (Argentina, México, Bolívia, Venezuela, Colômbia, Paraguai). A elite criolla pretendia conquistar os cargos administrativos mais importantes e ampliar seus negócios. Já os indígenas e mestiços desejavam a abolição do trabalho compulsório e reformas sociais. Simón Bolívar foi um dos principais líderes revolucionários. Entre 1819 e 1825, participou das lutas de independência da Venezuela, Colômbia, Equador e Bolívia. Outra liderança criolla foi José de San Martín, que conduziu as lutas de independência da Argentina, Peru, Bolívia e Chile entre 1816 e 1825.
- Sistema Colonial: relação de dominação e submissão que envolve uma metrópole e suas colônias. Os colonos só podem fazer comércio com o país colonizador, bem como criar leis e impostos, escolher os funcionários coloniais.
Independência do México
A Independência do México foi marcada por diversas rebeliões populares organizadas por indígenas e mestiços. A luta contra a Coroa espanhola começou sob a liderança do padre Miguel Hidalgo em 1810. O religioso pretendia abolir a escravidão, extinguir tributos e distribuir terras aos pobres. Os rebeldes invadiram propriedades, ameaçando o poder dos chapetones e criollos. Após intensas lutas, Hidalgo foi capturado e fuzilado. Todavia, em 1812, outro religioso, José Maria Morelos, liderou uma nova rebelião contra a dominação espanhola. O padre também planejava distribuir terras. A revolta foi esmagada e Morelos, fuzilado. Em 1820, porém, os criollos, liderados por Augustín Itúrbide, temendo novas rebeliões, proclamaram a Independência do México. Em seguida, o líder mexicano assumiu o poder com o título de imperador. Em 1823, as elites políticas e econômicas derrubaram Itúrbide e instituíram uma república.
As principais consequências da Independência da América espanhola foram a formação de vários países (Argentina, Chile, México, Cuba, Venezuela, Bolívia, Paraguai, Colômbia, Peru, Uruguai, Equador, Panamá), frustrando o sonho de Simón Bolívar de fundar uma grande nação; a ascensão política da elite criolla; o surgimento dos caudilhos, chefes políticos regionais; e a manutenção da estrutura econômica e social. Os movimentos separatistas na América, apesar de promoverem a emancipação política das colônias e a abolição do trabalho compulsório, preservaram a desigualdade e a opressão. A elite branca e rica continuou dominando a maioria pobre, (indígenas, mestiços e negros). Além disso, vários povos indígenas foram perseguidos e expulsos de suas terras em diversas regiões da América.
FONTE
MONTELLATO, Andrea e
CABRINI, Conceição. O Mundo dos Cidadãos.
São Paulo: Editora Scipione, 2008.
APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá - História. 8º Ano. São Paulo: Moderna, 2010.