Escravidão no Brasil

24/04/2024

Capoeira - Johann Moritz Rugendas (1835). 

ESCREVIDÃO NO BRASIL         

        No século XV, a escravidão já era praticada na África. Porém a chegada de europeus incentivou o tráfico de escravos, fazendo do comércio de cativos um negócio bastante lucrativo. Os traficantes europeus forneciam espingarda, pólvora, tabaco e cachaça a chefes africanos para incentivar guerras. Em troca, recebiam prisioneiros que eram vendidos como escravos na América. Homens, mulheres e crianças de diferentes etnias eram forçados a abandonar sua terra natal, casa e família, embarcar em navios frágeis e viajar em condições precárias. Não havia comida e água suficiente para os prisioneiros. Muitos adoeciam ou morriam durante as longas e perigosas viagens rumo à América.

          A chegada de africanos ao Brasil começou a partir da segunda metade do século XVI. Os prisioneiros chegavam cansados e confusos. Nos mercados, eram avaliados e comprados: um homem podia valer o dobro de uma mulher e o triplo de uma criança. Nas fazendas e nas cidades, os negros exerciam diversas ocupações, como carregadores, roceiros, garimpeiros, pintores, ferreiros, carpinteiros, cozinheiras, lavadeiras. A dieta dos escravizados consistia em uma cunha de feijão, uma porção de farinha de mandioca ou de milho, um pedaço de rapadura ou de carne. Já a rotina de trabalho era pesada e cruel. Além disso, castigos com instrumentos de tortura (chicotes, algemas, correntes) faziam parte do cotidiano dos negros. Muitos morriam ou sofriam mutilações. O banzo era frequente entre os cativos.

          Por outro lado, a resistência contra a escravização foi forte. Os negros faziam corpo mole, quebravam ferramentas, agrediam seus donos, organizavam motins, realizavam fugas, fundavam quilombos e irmandades. Entre as principais formas de luta contra a escravidão estavam os motins, as fugas, os quilombos, e as manifestações religiosas e culturais, como o candomblé, a capoeira, o batuque, o congado, a culinária e o vestuário.

  • Banzo: sofrimento provocado pelo abandono forçado e violento da terra natal, comunidade ou família (melancolia, desespero, medo, suicídio).
  • Quilombo: povoado fundado por escravos fugidos.
  • Irmandade: associação religiosa de ajuda mútua (confraria).

          O mais famoso quilombo fundado no Brasil foi o Quilombo de Palmares, em Alagoas. O povoado chegou a reunir mais de 20 mil habitantes, que praticavam caça e pesca, plantavam alimentos, criavam animais, além de comercializarem seus produtos com as aldeias vizinhas. Zumbi foi um dos principais líderes de Palmares. Em 1694, o quilombo foi destruído e Zumbi acabou morto pelas autoridades portuguesas.

           Até o final do século XIX, a escravidão foi um dos traços mais marcantes da nossa História. Os escravizados ajudaram a movimentar os engenhos, as fazendas, as minas e as cidades, resistiram à dominação e lutaram pela sua dignidade e cultura. Os cativos desenvolveram formas de luta contra a escravização, além de manifestações culturais e religiosas que influenciaram a nossa culinária, o vestuário, a música e a dança.

APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá - História. 8º Ano. São Paulo: Moderna, 2010.

BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade & Cidadania - 8º Ano. São Paulo: Editora FTD, 2012.