Era Vargas (1930 - 1945)
Getúlio Vargas, o líder nacionalista brasileiro.
ERA VARGAS (1930 - 1945)
Em 1930, Getúlio Vargas liderou um golpe político e assumiu o poder no Brasil. A queda drástica do preço do café (Grande Depressão), principal atividade econômica do país, contribuiu para o declínio do coronelismo, favorecendo a ascensão política de Vargas e o fim da Primeira República. O apoio de fazendeiros, empresários e militares foi fundamental para o sucesso do golpe. As primeiras medidas adotadas pelo político gaúcho foram a suspensão da Constituição de 1891, o fechamento do Congresso Nacional e das assembleias estaduais e municipais e indicação de interventores para governar os estados. Vargas adotou um discurso nacionalista e estimulou o setor industrial, contribuindo para a expansão da indústria brasileira.
- Constituição: lei mais importante de um país, que define a forma de governo, a organização política e administrativa, o ordenamento jurídico e os direitos e deveres dos cidadãos (lei suprema).
Ascensão e Governo Constitucional
A revogação da Constituição de 1891 e a indicação de interventores para governar os estados gerou insatisfação entre os fazendeiros e empresários. A Revolta Constitucionalista reivindicava eleições e uma nova Constituição para o país. Em 1932, Vargas convocou uma Assembleia Constituinte com o objetivo de elaborar a nova carta constitucional. As principais disposições adotadas na segunda Constituição republicana do Brasil, aprovada em 1934, foram a manutenção da república e do federalismo, a separação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e a instituição do voto secreto, estendendo o direito de voto às mulheres. Em seguida, Vargas assumiu o mandato de Presidente da República.
- República: regime político cujo chefe de Estado é eleito pelos cidadãos ou pelos representantes eleitos pelos cidadãos. Na república, o poder tem origem no povo, que delega o poder aos representantes políticos.
- Federalismo: sistema político que consiste na união de vários estados em um mesmo país. Os estados têm relativa autonomia política e jurídica.
Uma grave crise econômica e social (desemprego, inflação) favoreceu a eclosão de diversas manifestações populares e greves e o surgimento de grupos políticos radicais, como a Ação Integralista Brasileira (AIB), de inspiração fascista, e a Aliança Nacional Libertadora (ANL), de inspiração socialista. Em 1935, explodiu a Revolta Comunista, um movimento liderado por militares visando derrubar Getúlio Vargas. A rebelião foi sufocada e serviu de desculpa para o governo intensificar a repressão contra os opositores políticos (militares, operários, sindicalistas, intelectuais). O processo eleitoral estava fixado para 1938. Porém, após anunciar a existência de um projeto comunista em curso no país, Vargas suspendeu as eleições, dissolveu o Congresso Nacional e substituiu a Constituição de 1934 por uma nova carta constitucional, que suspendia o federalismo e os partidos políticos e indicava novos interventores para governar os estados. O plano comunista era uma farsa planejada por Vargas e seus aliados para permanecer no poder. Foi o início do Estado Novo.
Estado Novo e queda
Durante o Estado Novo, Vargas adotou um discurso nacionalista e promoveu uma forte intervenção do Estado na economia, estimulando o desenvolvimento industrial (empréstimos vantajosos, incentivos fiscais) e criando grandes empresas estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce e a Fábrica Nacional de Motores. O político gaúcho criou ainda o Conselho Nacional do Petróleo e unificou as leis trabalhistas. Entre as inovações presentes na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estabelecida em 1943, estavam a jornada de trabalho de oito horas e as férias remuneradas. Além disso, Vargas instituiu a Carteira de Trabalho e o salário mínimo.
A CLT contribuiu para atenuar os conflitos existentes entre empresários (patrões) e trabalhadores (operários), favorecendo o crescimento da indústria brasileira e servindo de propaganda de governo. No entanto, apesar de significativos avanços econômicos e sociais (emprego, renda), o Brasil mergulhou em uma fase de violenta ditadura. Vargas suspendeu o poder Legislativo, submeteu o poder Judiciário, extinguiu os partidos políticos, manteve sob controle os sindicatos e instituiu o uso da repressão e da censura contra os opositores políticos (perseguições, prisões, torturas e assassinatos).
O líder gaúcho criou também o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP), com o intuito de organizar a administração pública, adotando critérios de eficiência e resultado (concursos), e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), para promover a imagem do governo (comícios, desfiles, rádio) e controlar a imprensa e as manifestações artísticas e culturais utilizando a propaganda de Estado, a repressão e a censura.
- Ditadura: regime político em que o chefe de Estado concentra enormes poderes, emprega a força contra os opositores políticos e os cidadãos são afastados da vida política. Na ditadura, o poder tem origem no próprio regime.
Estado Novo e Segunda Guerra Mundial
Ao longo da Segunda Guerra Mundial, o Brasil adotou uma política de neutralidade em relação ao conflito com o objetivo de obter vantagens econômicas. Apesar de expressar apego ao regime fascista (Itália), Vargas estabeleceu uma aliança militar com os Estados Unidos (EUA), em troca de ajuda financeira para desenvolver a produção de aço (siderurgia) e promover o crescimento industrial do país. Permanecer ao lado da Itália seria prejudicial para os negócios brasileiros. Já os estadunidenses desejavam a instalação de uma base militar em território brasileiro durante a guerra, bem como impedir uma possível aliança entre o Brasil e o Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Vargas negociou ainda o fornecimento de minério de ferro e borracha aos Aliados (EUA, Inglaterra e França).
Em meio à pressão do governo dos Estados Unidos, o Brasil declarou guerra ao Eixo. Em 1944, o país enviou uma delegação militar à Europa, a Força Expedicionária Brasileira (FEB), para integrar as tropas aliadas. A FEB conquistou importantes batalhas na Itália (Monte Castelo, Montese). Porém, apesar de lutar ao lado de regimes democráticos (EUA, Inglaterra e França), visando conter o regime nazista (Alemanha), o Brasil era governado por uma ditadura. Diante da repercussão popular, o líder gaúcho fixou prazo para a realização de eleições democráticas no país, permitiu a volta dos partidos e concedeu anistia aos presos políticos. Todavia o temor de uma possível permanência de Vargas no poder culminou com a sua deposição em 1945. O golpe foi planejado por militares e políticos. Foi o fim do Estado Novo.
Os principais documentos da Era Vargas foram a Constituição de 1934, que manteve a república e o federalismo, estabeleceu o voto secreto e ampliou o direito de voto às mulheres, e a Constituição de 1937, que extinguiu o federalismo, indicou interventores para os estados, suspendeu as eleições e os partidos políticos e inaugurou o Estado Novo.
FONTES
APOLINÁRIO, Maria Raquel. Projeto Araribá - História. 9º Ano. São Paulo: Moderna, 2010.
BOULOS JÚNIOR, Alfredo. História: Sociedade & Cidadania - 9º Ano. São Paulo: Editora FTD, 2012.
GARCIA, Divalte. História. São Paulo: Editora Ática, 2004.
VICENTINO, Cláudio e DORIGO, Gianpaolo. História do Brasil. São Paulo: Editora Scipione, 2004.